domingo, 13 de julho de 2014

As Palavras e as Ideias



Sinto alguma dificuldade em articular as ideias com as palavras. Expresso-me mal, as frases não são bem construídas, esqueço os nomes e o que é mais grave, faltam as palavras. Está a acontecer agora com mais frequência. Quando antes era apenas falta de memória para reter os nomes próprios, agora também me faltam as palavras. Tento disfarçar, mas as pessoas notam que a fluência de antigamente está a desaparecer. Por isso evito contar factos ou histórias em público. Evito falar de música ou de livros, porque me esqueço dos nomes dos intérpretes ou dos escritores e baralho-me na procura das palavras certas.

Mantenho o sentido de humor, continuo a ler e a gostar da música. Actualmente estou a ler “A Máquina de Fazer Espanhóis” de Walter Hugo Mãe. Um pouco deprimente, a vida num lar para velhos. Mas eu já sabia o que era um lar, por ser visita assídua a uma pessoa de família, que se encontra num desses lares. E já tinha feito uma reflexão sobre esta espécie de “vida”, que coincide em grande parte, com as descrições do escritor. Nada que me ajude nesta fase da vida.

Às vezes tenho vergonha de não construir uma frase com princípio meio e fim. A minha imprecisão confunde as pessoas. Eu nunca fui assim. Sempre de resposta pronta na ponta da língua, as pessoas nunca ficavam sem resposta, sempre bem-humorada e delicada. Agora dizem que eu preciso de tempo para dar a resposta, mas eu estou apenas à procura das palavras certas.

As listas com os nomes esquecidos são agora mais compridas e os papeizinhos rectangulares para servirem de memorandos, aumentaram em quantidade.

A minha gastrite acordou. Será que é a causa é o aumento de stress? 

Mas eu sinto-me calmíssimo. Aparentemente, claro.

Félix Lamartine

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