segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Depressão



Quando me foi diagnosticada a depressão, eu achava que me sentia bem. Eu sempre fora uma pessoa preocupada e alguma ansiedade que eu sentia, culpabilizava a crise e as medidas de austeridade. Desde sempre fui um pouco angustiado com as pessoas que me rodeavam e aquele diagnóstico coincidiu com esse momento crítico em que Portugal estava mergulhado. Quanto mais lia, mais me revoltava contra o estado das coisas e sentia uma preocupação enorme quanto ao presente e muito mais quanto ao futuro. Talvez por isso não tenha sido uma grande surpresa a revelação de que eu estava a passar por um estado depressivo.

Na segunda avaliação, que ocorreu em finais do ano passado, a médica voltou a insistir na existência da depressão., embora menos acentuada. Hoje, volvidos alguns meses, tenho momentos em que sinto que essa depressão é real. No café que eu frequento diariamente, as empregadas dizem que pareço mais abatido, mais calado, menos comunicativo. É uma verdade que também me sinto menos expansivo na maior parte do tempo. E depois, para dificultar essa comunicação, comecei a ter problemas de audição, aparentemente sem solução. Das pessoas que me rodeiam, só a mulher, a filha e o marido, sabem dos problemas de memória com que me debato. E da depressão também, mas muitas das vezes, tenho a impressão que eles se “esquecem” desse meu estado, talvez devido à minha maneira de ser alegre como também aos meus esforços para esconder o estado depressivo.

Tão cedo não tenho marcada qualquer consulta de Psicologia, já que as avaliações estão feitas. E é pena, porque gosto de conversar com a doutora Teresa. A minha próxima consulta de Neurologia só vai acontecer em Novembro deste ano e agora com as perturbações do sono, fico mais apreensivo quanto à evolução da depressão, que eu pensava durar menos tempo a curar.

Como atrás referi, tenho tido distúrbios no sono, ocorrendo um sono excessivo durante o dia mesmo que tenha dormido bem toda a noite. Segundo li algures, é natural que haja alterações do sono, como consequência da depressão. A minha neurologista aconselhou-me a dormir uma sesta depois de almoço, para combater essa sonolência, mas por outro lado, é a hora em que eu tenho mais necessidade de sair, de tomar café, de conversar, de ler, de conviver, de me distrair.  Se eu ficar em casa a dormir, parte dos meus prazeres ficam reduzidos quase a nada. E no inverno os dias são curtos e as noites são frias.
              
O que acontece é que, por exemplo, no café, enquanto desfruto da leitura, apetece-me, quase sempre, passar pelas brasas....

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